Invisível: uma tentativa de incluir os deficientes visuais no teatro

Abstract

A palavra teatro, na terminologia grega, significa theatron “lugar onde se vê”. Questiona-se: Lugar de onde se vê o quê? Quem vê? Então podemos afirmar que o teatro não é para os deficientes visuais, já que os mesmos não podem enxergar? Nesta instância, o trabalho relata a pesquisa desenvolvida dentro da disciplina de Estágio Supervisionado em Teatro II, ofertada no sexto semestre do Curso de Licenciatura em Teatro da Universidade Regional do Cariri (URCA). A pesquisa se dispôs a compreender as necessidades do público não vidente, analisou e refletiu estratégias de construção da cena, a partir da sensibilização dos sentidos remanescentes: audição, olfato, tato e paladar. Como referencial teórico utilizou-se da técnica desenvolvida pela diretora de teatro Paula Wenke, há mais de 20 anos no Brasil, o Teatro dos Sentidos que é uma técnica de encenação teatral destinada à plateia de deficientes visuais ou videntes, mas com os olhos vendados. A técnica é caracterizada pela utilização de textos adaptados, cujo objetivo é provocar ao espectador sensações que possibilitem a compreensão da história encenada, por meio dos sentidos remanescentes. A experiência ocorreu na Escola de Ensino Médio Plácido Aderaldo Castelo na cidade de Caririaçu-Ce, com adolescentes videntes e resultou no experimento cênico Invisível, com a adaptação de Sonho de uma noite de verão de William Shakespeare. Percebe-se que esta técnica de encenação inclui o indivíduo cego, que se reconhece pertencente à história contada e logo se sente convidado a participar da experiência. Ao indivíduo vendado, que embora veja, nota-se o fato que, não ver, não o impossibilita de ver imageticamente, mas de sentir. Desta forma o Teatro dos Sentidos é uma maneira de suspender a visão para que se possa ver de outro jeito, sentindo.