KATA PESSOAL

O ESVAZIAR DO CORPO

Abstract

Sigo caminhando na sala de trabalho ora para frente, ora para trás, outrora para direita e/ou esquerda...piso no chão e me desnudo de tudo que aprisiona meu corpo, este começa a desvendar o espaço, fala, grita, geme e aos poucos experimenta a delicadeza de Ser corpo – flui a delicadeza. A gentileza que está em meu corpo, permite isso. Nesse processo de aprender a pisar no chão, deixar os pés lamberem o solo, como se fossem me enraizar, esse arrastar dos pés me faz esvaziar, desaparecer e assim perceber o meu corpo, um corpo outro, este ocultado pelas minhas vestes pretas de trabalho, que há anos o encobriam e o emudeciam. Nessa fase de minha pesquisa de doutoramento, cujo título é Kata Pessoal: uma metodologia dialética entre o treinamento psicofísico e a criação cênica, percebi que esse desnudamento se deu pelo estado de esgotamento do pensar, esse que muitas vezes limita, priva o corpo de ser espontâneo, de criar matrizes corporais, partituras, onde o próprio corpo é o seu próprio indutor de criação. A pesquisa de doutorado que faço tem como base o judô, uma continuação da pesquisa de mestrado, onde fora construído o que chamo de Kata Pessoal, uma sequência de partituras corporais criadas por cada atuante do grupo que realizou a pesquisa de mestrado. Atualmente, estou a criar um método que conecte esse kata pessoal com a criação de um solo teatral, sendo que o indutor dessa criação está acontecendo por meio dos movimentos do próprio kata pessoal, desenvolvidos e praticados por mim, sendo que essa criação se dá com movimentos e princípios oriundos da arte marcial em questão. A escrita movente deste artigo é provocada pelo cotejo que mantenho com: (OHNO, 2016), (BARBA,2009), (BURNIER, 2009), (VARLEY, 2010), (CARRERI,2011), (ARTAUD, 2006), (ZARRILI, 1993), (LIMA, 2005) dentre outros. Palavras-chave: Kata Pessoal. Treinamento Psicofísico. Teatro.