Relações entre teatro e tradução

encenação e oralidade

Autores

  • Marina Bento Veshagem Universidade Federal de Santa Catarina

Resumo

Este trabalho parte da ideia de que o teatro deve ser o lugar onde se trabalha a língua, defendida pelo encenador e tradutor Antoine Vitez no artigo “La scène, les scènes, les formes, Hamlet, Oreste, Kalisky, l’Enfant prodigue, Arlequin, le Voyage”, para Le Journal de Chaillot, em junho de 1982. Com essa afirmação, Vitez aproxima tradução e teatro a partir do conceito de encenação, ao dizer que a tradução está eternamente a ser refeita, assim como a arte teatral que é a da variação infinita, pois que é preciso sempre tudo reencenar. Henri Meschonnic, por sua vez, também faz um movimento de aproximação entre tradução e teatro, mas pela oralidade, quando desenvolve sua teoria de uma poética do traduzir (em Poética do Traduzir, 2010). Para ele, o que se traduz é o ritmo, enquanto organização do sentido em um discurso, e que faz trabalhar a língua e a sociedade. E é justamente a oralidade que faz ouvir o ritmo, ela manifesta uma corporeidade do ritmo, implicando prosódia, gesto, voz e entonação. Importante notar que a oralidade aqui não é oposto do escrito, numa visão dualista, mas é colocada em perspectiva numa tripartição: escrito-falado-oral. Se a oralidade pode ser percebida em qualquer texto escrito, no teatro ela grita e faz ouvir o ritmo. A partir de um recorte da pesquisa de doutorado da autora, especialmente da ideia de aproximação entre teatro e tradução – pela oralidade e pela encenação –, neste trabalho serão desenvolvidos os conceitos citados e também serão apresentados exemplos práticos a partir do exercício de tradução (do francês para o português) e de algumas encenações, ou situações de enunciação, da peça Macbett (1972), de Eugène Ionesco.

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Publicado

22-06-2022

Edição

Seção

Textos Completos