O conceito de representação está no centro das discussões sobre teatro e sobre democracia. Em ambas as áreas do conhecimento representar é colocar algo que ocorreu em um determinado tempo-espaço em um outro tempo-espaço. A pesquisa a ser apresentada tem por objetivo traçar um paralelo histórico entre estética e política e, portanto, recorre à estruturação em três partes referentes às três grandes ondas de democracia pelas quais o Ocidente passou: a primeira delas busca compreender a relação entre a consolidação do Estado democrático pré-moderno na Grécia Antiga (século V a.C.) e o surgimento dos festivais de tragédia e comédia no mesmo contexto, bem como a representação se organiza nele; a segunda investiga as bases do Estado democrático moderno (século XVIII), suas origens jusnaturalistas e o debate acerca do governo representativo, tudo isso associado à consolidação do drama burguês como gênero teatral; a última parte é dedicada à análise do Estado democrático de direito, que busca transcender o Estado de Direito de origem liberal, que começa a se estruturar em todo o mundo a partir da segunda metade do século XX, na tentativa de restaurar uma democracia (nunca antes de fato consolidada) ameaçada por regimes totalitários. Esta conceituação histórica tem por objetivo constatar que os questionamentos acerca da representação política e a representação teatral estão muitas vezes conectados, bem como pensar possibilidades para o teatro hoje, quando para além da representação pura e simples, surge a demanda por representatividade, isto é, para que a comunidade, em toda a sua multiplicidade seja representada nas funções do Estado e da cena.