Apresentação de pesquisa de doutorado em andamento, desenvolvida na EBA – Escola de Belas Artes da UFMG, sob orientação do Prof. Dr. Fernando Mencarelli. Trata-se de um estudo sobre oito grupos de teatro de Belém do Pará, por meio de seus diretores e núcleos criativos, na perspectiva de identificar como os trânsitos dos criadores através dos coletivos e as alianças entre eles contribuíram para o delineamento das poéticas desses coletivos. O conceito de afeto dispara a proposição do corpo-grupo, a partir de Espinosa e Deleuze, enquanto possibilidade de cartografia dos coletivos e seus singulares planos de composição; corpo múltiplo que resulta da relação entre velocidade e lentidão, e que carrega em si mesmo a potência de sua contínua transformação, conforme extraio da autopoiesis, de Humberto Maturana. Para isso, utilizo a proposição do encontro como afeto capaz de acionar parcerias artísticas que se misturam às parcerias de vida, tentando identificar movimentos de territorialização e reterritorialização acionados pelo amor, amizade e/ou identificação intelectual, entre outros, alinhavados ao ofício do teatro. A partir de entrevistas com os diretores e também de trabalhos acadêmicos produzidos por alguns deles, pretendo evidenciar influências e diálogos que fazem ver uma rede de afetos entre os encenadores. Além disso, busco compreender os sentidos acionados pelos agenciamentos coletivos presentes no acontecimento teatral, que tem no convívio a base da produção de uma poética, segundo Jorge Dubatti. A pesquisa dialoga com os campos da filosofia teatral, história do teatro e estudos teatrais, e tem no pensamento dos encenadores dos grupos acerca de suas práxis, uma referência de primeira grandeza.
Biografia do Autor
Valéria Frota Andrade, Escola de Teatro e Dança da UFPA
Atriz, professora de História do teatro e Dramaturgia.
