EM BUSCA DAS “VOZES DA VOZ” EM STELLA DO PATROCÍNIO

Resumo

O presente trabalho foca nos registros escritos e em áudio da performance Falatório criado por Stella do Patrocínio em conjunto com as entrevistadoras Carla Guagliardi e Mônica de Souza, entre 1989 e 1991 na Colônia Juliano Moreira (RJ). Criação performática que encruzilha as noções de voz e texto, palavra falada e escrita, vocalidade (CAVARERO) e oralidade (ZUMTHOR). Quando postumamente espetáculos (re)performam o texto/fala de Stela, é intensificada a dialética entre tais noções. Temos por objetivo deslocar o olhar comum na tradição europeia para outras tradições literárias e dramáticas que também compõem o cenário cultural brasileiro. Uma possibilidade de enriquecer a discussão sem priorizar apenas a raiz cultural ocidental – e assim não atualizar as estruturas racistas que emudecem os valores culturais e simbólicos africanos, indígenas e orientais – é a discussão do conceito de ‘encruzilhada’, que sustenta a tensão dialética entre diferentes cosmovisões. Trazemos como referência o conceito de ‘oralitura’ elaborado pela Profª Drª Leda Maria Martins em conjunto com ‘escrevivência’, criado por Conceição Evaristo para compreender o Falatório inscrito na literatura e performance brasileira de matriz afrodescendente.