Censura às Artes do Corpo Ontem e Hoje

Reflexões sobre as violências políticas no Brasil nos anos de chumbo e na contemporaneidade

Resumo

RESUMOA consciência conservadora e neoliberal que vem sendo fabricada no Brasil por setores burgueses, auxilia na manutenção de determinadas práticas culturais, essas, baseadas na opressão a determinados corpos que se contrapõem às lógicas hegemônicas. No campo das artes cênicas, em que a poética acontece pelo próprio corpo, o artista que questiona o estado político das coisas por meio de suas obras, acaba sendo alvo de violências a fim de bloquear sua liberdade. Voltando no tempo e observando o final dos anos sessenta - período que entrou em vigor o AI-5 (ato institucional número cinco), durante a ditadura militar-, em que reprimir os subversivos ao regime era política de Estado, diversos artistas questionaram o sistema por meio de seus corpos, confrontando com uma estrutura que não permitia ambientes de discussões sobre arte e sociedade, pelo contrário; só havia espaço para submissão ideológica. Percebendo esse período em que se legitimava a censura enquanto aparelho de condução e, analisando os últimos anos de Brasil - que não é mais uma ditadura, mas, sim, uma frágil democracia -, compreende-se que, com a ascendência de grupos conservadores de direita, artistas que realizam suas performances baseadas em críticas sociais, estão cada vez mais vulneráveis. Nesse contexto, em que a liberdade de expressão vem sendo golpeada, pretende-se discutir nesse estudo, a partir de reflexões entre performances realizadas nos anos de chumbo e nos últimos tempos, como as táticas de censura vêm se atualizando, tendo em vista que o Brasil é, desde sempre, dominados por mãos que usam da repressão como métodos de controle. Assim, pensar censura às artes se torna urgente numa sociedade em que o ódio e a criminalização aos artistas avançam a passos largos, desmantelando as estruturas democráticas e cerceando a comunicação pelas poéticas do corpo. PALAVRAS-CHAVEArtes do Corpo, Censura, Política