A abordagem de Bonnie Cohen na educação somática traz uma perspectiva relacional entre a presença e o lugar do espaço muito interessante desde do momento de formação do feto dentro da barriga da mãe e no decorrer de todo o desenvolvimento humano. Pretendo compartilhar os trabalhos desenvolvidos a partir da abordagem somática e explicitar os procedimentos que envolveram as crianças de 8 e 9 anos na materialização dos processos de estudo em dança no momento do isolamento e a mudança da proposta do ensino presencial para o remoto. O estudo do movimento aconteceu, na Escola Viva em São Paulo, e os pontos a serem abordados nesta reflexão é a qualidade da participação das crianças dentro do contexto mediado pelas telas dos computadores; a produção de presença a partir do enunciados que convocaram o corpo para um embate da experiência estética; e por fim a composição corporal criada dentro do contexto pandêmico. O intuito é olhar para os meandros e transformações da percepção do próprio corpo buscando responder as perguntas investigativas: Como a relação espacial, o dentro e fora tomou outras dimensões e novas possibilidades diante desse novo contexto?; e de que maneira os programas performativos e as instruções influenciaram tanto as crianças, como as famílias a olhar e descobrir o corpo de um nova perspectiva? Diferente de averiguar o que ganhamos ou o que perdemos com a proposição do estudo do movimento no ensino remoto pretende-se reconhecer quais conquistas e o que conseguimos fazer na nova percepção do dentro e do fora. Nesse sentido, a reflexão se dá ao olhar para os vídeos e imagens produzidos que mostraram o percurso de apropriação das crianças do próprio corpo e a experimentação no espaço através do estudo de movimentos e sensibilização corporal. A ideia é se debruçar sobre as consignas que envolveram os estudantes no fazer, pesquisar o corpo e as interfaces das metáforas que os envolveram nesse processo. Uma conversa entre metáforas de movimento e expressões corporais que seguiram compondo o ano de 2020.
