REFLEXÕES POÉTICAS E POLÍTICAS SOBRE PROTESTOS DE RUA

PERFORMATIVIDADES CRIADAS EM AÇÕES COLETIVAS

Resumo

Na história brasileira sustentada pela lógica neoliberal, muitas são as táticas conservadoras para silenciar e marginalizar determinados setores da sociedade. O projeto é, escancaradamente, pautado numa ideia de cerceamento de liberdades, defesas a ideologias tradicionalistas e discriminação as diversidades. É no atual contexto de ascendência ultraconservadora do Brasil que, nos últimos anos, vários grupos sociais estão num processo de ocupação das ruas para defender direitos e repudiar ações que ferem o sistema democrático. Assim, esses sujeitos inconformados com o estado das coisas, tentam se tornar visíveis em espaços de invisibilidade por meio de suas reuniões e assembléias - como diz Judith Butler ao pensar os corpos em aliança e suas conexões performáticas. A partir desse cenário de crise estrutural, esse trabalho tem como interesse refletir sobre alguns protestos de rua, olhando vários modos de mobilizações como: caminhadas, ocupações, interdições de avenidas em ações diretas e, a partir da ideia de performatividade, serão analisados os movimentos desses grupos que se juntam nas ruas com pautas muitas vezes distintas, mas, lutando pelas liberdades de aparição e direitos humanos se conectam (in)voluntariamente. Serão recortadas algumas ações realizadas na cidade de João Pessoa-PB, em que foram observadas no segundo semestre de 2020 como parte da pesquisa de iniciação científica (em andamento), que busca analisar os protestos a fim de criar uma composição performática. Nesse sentido, o conceito de “Corpomapa”, idealizado pela pesquisadora Líria Morais, se torna útil para embasar essa discussão no que diz respeito ao mapeamento poético do espaço, analisando sua natureza concreta, mas, também, as ignições subjetivas que levam determinados corpos a comporem na rua suas danças de indignação perante crises sociais, econômicas, políticas e culturais.