A partir da experiência de um trio de docentes-artistas-pesquisadores com uma disciplina de pós-graduação na área interdisciplinar, ministrada virtualmente pelo Google Meet durante o período de distanciamento social provocado pela pandemia de Covid-19, foi flagrante nos participantes uma nova disposição de ânimo, que havia sido habitada e percebida coletivamente: uma presença. Uma centelha, uma faísca, um lampejo especial de vida, uma atmosfera transformada inesperadamente e por alguns instantes, uma instigação sutil.
Foram realizadas propostas diversas de jogos que exploraram as materialidades da ferramenta de conexão, tida, para a maioria até a época atual, como precária e limitadora da instauração de estados de presença de maior qualidade. Por meio de experimentos de câmera, microfone e chat em relação ao espaço/tempo, foi possível evidenciar a situação do corpo e da atenção em relação aos encontros entre as pessoas em suas mais diversas condições domésticas.
Impulsionados pela prática limiar pedagógica e artística, seguimos indagando como foi possível a instauração deste estado incerto no grupo? Que tipos de composição impulsionaram as transformações singulares na iniciativa? O que estava em jogo e como o jogo foi jogado? Quais as distintas qualidades de presença puderam ser ali mobilizadas? O que pode ser presença neste contexto? Presença se distingue de atenção? Presença tecnomediada pode existir?
A fim de explorar estas e outras incertezas, recolhemos notas que compõem um trajeto de pesquisa ancorado na performance do conhecimento.
Biografia do Autor
Conrado Augusto Gandara Federici, Universidade Federal de São Paulo