Atriz-produtora - poder e criação.

Abstract

Nesse artigo defendo que o poder de autoria e de intervenção criativa que atrizes e atores encontram em produções teatrais está diretamente relacionado à participação destas artistas em instâncias gerenciais dos projetos e organizações com as quais se envolvem. Este trabalho deriva de minha pesquisa de doutorado cuja metodologia se baseou na análise de dados etnográficos (realização de entrevistas com artistas teatrais que possuem dez anos ou mais de trajetória, do Brasil, México, Chile e Argentina) e autoetnográficos (vinculados às minhas próprias experiências como atriz e produtora). Argumento que dentro de um modelo de produção que defino como teatro menor há, por parte de atrizes e atores, o desejo de fundar núcleos teatrais no qual possam se dedicar exclusivamente à criação, sem que precisem ocupar cargos de função administrativa. Tal desejo, no entanto, não chega a se concretizar em nenhuma das iniciativas que estudei. Minha hipótese é a de que fatores econômicos relacionados aos modelos produtivos escolhidos pelos artistas, os quais não são voltados ao consumo massivo, bem como o fato de atrizes e atores serem também autores de suas obras, corroboram para que tal desejo não seja alcançado. Este último fator é crucial no ponto de vista aqui defendido, pois o processo de tomada de decisões, que no caso de grupos teatrais define parâmetros criativos e as lógicas de funcionamento da organização, é, ele mesmo, uma função gerencial.