Pedagogia do Palhaço: relato de uma extensão universitária
Palavras-chave:
Extensão universitária, Palhaço, FormaçãoResumo
O palhaço, emblemática figura presente nas mais diferentes culturas, desafia o tempo e reafirma sua importância social em pleno século XXI. A contemporaneidade revela distintos caminhos formativos para o desenvolvimento do palhaço, artista que segue ocupando diferentes espaços (teatro, circo, rua, hospital, entre outros), tratando de entrelaçar simbolismos arcaicos às novas expectativas estético-artísticas. Mesmo com o entendimento de que as funções sociais dessa personagem são diferentes em cada espaço ocupado, ela não perde sua essência existencial, a de ressaltar uma outra lógica para o entendimento do mundo, das pessoas e suas relações, desconstruindo expectativas e padrões por meio da arte da comicidade. Esse estudo tem como objetivo relatar e discutir o projeto de extensão “Iniciação à arte do palhaço” realizado pela Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas no ano de 2018. Participaram desse grupo, 19 pessoas, com um total de 16 encontros de 2 horas cada ao longo de quatro meses de atividade. A proposta foi previamente estruturada entrelaçando a experiência do ministrante com as bases pedagógicas pesquisadas pelo Grupo de Estudo das Artes Circenses – CIRCUS dessa instituição, destacando questões básicas como: percepção do espaço; jogos de criatividade; expressão corporal; história do palhaço; técnicas de comédia; e trabalho com a máscara. A análise se deu a partir da percepção dos proponentes e dos registros sistemáticos de cada uma das vivências. O estudo sobre o palhaço tem, cada vez mais, ampliado sua presença no âmbito acadêmico nacional apresentando diferentes reflexões sobre o processo formativo. Com base em algumas das premissas encontrados na literatura elaboramos a proposta de extensão, que não tinha como objetivo a formação profissional, mas aproximar os participantes a essa secular linguagem artística. Reconhecendo que grande parte do desenvolvimento de um palhaço está relacionado com o tempo dedicado à pesquisa pessoal, e com o contato direto com o público, abordamos diferentes experiências com a máscara, técnicas de comicidade, e processos criativos e de improvisação. A partir dessa experiência, foi possível perceber o desenvolvimento do pensamento dos participantes sobre o palhaço e sua relação com a sociedade, abrindo novas portas para a discussão de sua importância social.Referências
BERGSON, Henry. O Riso: ensaio sobre a significação do cômico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1980.
BOLOGNESI, Mário Fernando. Palhaços. São Paulo: Editora Unesp, 2003.
___________. O Corpo como princípio. Trans/Form/Ação, v.24, n.1, p. 101-112. 2012.
BRACCIALLI, Felipe. Luz-personagem: o jogo de manipulação da iluminação cênica em cenas cômicas. 2016. 79 f. Dissertação (Mestrado em Artes) – Programa de Pós-Graduação em Artes, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia. 2016.
BORTOLETO, Marco Antonio Coelho. Introdução a pedagogia das atividades circenses. Editora Fontoura, v.1, Jundiaí, 2008.
BORTOLETO, Marco Antonio Coelho. Introdução a pedagogia das atividades circenses. Editora Fontoura, v.2, Jundiaí, 2010.
BURNIER, Luís Otávio. A arte do ator: da técnica à representação. Campinas – SP: Ed. Da Unicamp, 2009.
CASTRO, Alice Viveiros de. Elogio da bobagem - Palhaços no Brasil e no mundo. Rio de Janeiro: Editora Família Bastos, 2005.
FO, Dario. Manual mínimo do ator. 2. ed. São Paulo: Ed. Senac, 1999.
GAULIER, Philippe. O atormentador. São Paulo: Edições Sesc São Paulo, 2016.
JARA, Jesús. El Clown, um navegante de las emociones. 5. Ed. Morón: PROEXDRA, 2007.
LECOQ, Jacques. O corpo poético: uma pedagogia da criação teatral. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2010.
ONTAÑÓN, T. B.; SANTOS RODRIGUES, G.; SPOLAOR, G. C.; BORTOLETO, M. A. C. O papel da extensão universitária e sua contribuição para a formação acadêmica sobre as atividades circenses. Pensar a prática, v. 19, n. 1, 2016.
OSTHUES, Romulo Santana. Um nariz vermelho feito (de) mídia. 2017. 298 f. Dissertação (Mestrado em Divulgação Científica e Cultural) – Programa de Pós-Graduação em Divulgação Científica e Cultural, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2017
PROPP, Vladmir. Comicidade e riso. São Paulo: Ática S.A., 1992.
PUCCETTI, Ricardo. No caminho do palhaço. ILINX- Revista do Lume, v.1, n.1, p. 121-126. 2012.
SPOLIN, Viola. Improvisação para o teatro. São Paulo: Perspectiva, 2005.
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS. Faculdade de Educação Física. CIRCUS – Grupo de estudo e pesquisa das artes circenses. Disponível em: http://www.fef.unicamp.br/fef/posgraduacao/gruposdepesquisa/circus/apresentacao. Acesso em: 18 abril 2019.
XIMENES, Fernando Lira. O Ator Risível: procedimentos para as cenas cômicas. Fortaleza: Expressão, 2010
WUO, Ana Elvira. Comicidade: do “corpar” clownesco como princípio móvel, flexível, risível e espontâneo na (des) formação do ator. Ouvirouver, v.9, n.1, p. 108-116. 2013.