Cassandra vai à rua: programa performativo, encontros, espaço público e o insuportável corpo feminino.

Autores

  • Aline Nunes de Oliveira NUNES UFSB

Palavras-chave:

Cuidado de Si. Programa Performativo. Feminismos. Cassandra.

Resumo

Aqui apresentaremos um recorte de uma investigação de caráter radicalmente qualitativo, que compreende a criação nas artes do corpo, da presença, do encontro, como fruto de um exercício constante de atenção do sujeito sobre si, como cuidado de si. Olharemos para o programa performativo “Mulher de vestido vermelho raspa a cabeça em praça pública” para refletirmos acerca de alguns dos efeitos decorrentes de sua execução. Refletiremos acerca de como ele respondeu ao contexto histórico contemporâneo, como afetou a trajetória da artista e as razões para levar o mito da mulher política interditada, Cassandra, para as ruas hoje.Trataremos de como se deu este exercício de subjetivação capaz de trânsitos radicais que tiveram como resultado a criação da obra e da artista. Trânsitos capazes de colocar a pesquisadora em um estado de atravessamento que é decorrente de uma atenção radical a si mesma, capaz de gerar uma constante problematização com entonações feministas, sem que uma palavra fosse pronunciada.

Biografia do Autor

Aline Nunes de Oliveira NUNES, UFSB

Aline é atriz, performadora, artista da voz e educadora. Realizou toda a sua formação na Universidade Estadual de Campinas, desde a graduação (2005), passando pelo mestrado em Artes da Cena (2015), até seu doutorado (em andamento até 2019), também no Programa de Pós-Graduação em Artes da Cena do Instituto de Artes da Unicamp. Foi atriz e uma das fundadoras da Cia. Zero Zero, bem como da Cia. Mínima de Teatro e Música, em Barão Geraldo (Campinas-SP), além de fazer parte do Grupo de Pesquisas Pindorama (CNPq). É professora da UFSB no Instituto de Humanidades, Artes e Ciências e tem em seu escopo de pesquisa os conceitos: palavra-corpo; modos de subjetivação feministas; performance; a voz em campo expandido; cuidado de si. Sua pesquisa de doutorado funda-se na criação de práticas pessoais do corpo-voz em seus diversos aspectos, materiais e imateriais, estimulando a criação de teorias corporais-estéticas próprias para cada artista. Abre-se, assim, à possibilidade da vivencia/composição de uma obra cênica que precisa se relacionar com outras formas artísticas e áreas do conhecimento, pensando a cena em campo expandido e a vida ordinária como percurso de criação estética. Desta forma, a professora acredita que vive o que ensina e ensina o que vive.

Referências

FABIÃO, Eleonora. Programa performativo: o corpo-em-experiência. Ilinx - Revista do Lume - Núcleo Interdisciplinar de Pesqisas Teatrais - Unicamp, n.4, p. 1-11, dez. 2013.

FOUCAULT, Michel. História da Sexualidade, 3: o cuidado de si. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1985.

HAN, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Petrópolis: Vozes. 2018.

LORDE, Audre. The collected poems of Audre Lorde. New York: W. W. Norton, 2000.

PERROT, Michel. Minha história das mulheres. São Paulo: Contexto, 2007.

SAFATLE, Vladimir. O circuito dos afetos: corpos políticos, desamparo e o fim do indivíduo. São Paulo: Cosac Naify, 2015.

SHAKESPEARE, W. Hamlet. Tradução: Millôr Fernandes. Porto Alegre: L&PM, 1997.

VELARDI, Marília. Questionamentos e propostas sobre corpos de emergência: reflexões sobre investigação artística radicalmente qualitativa. Revista Moringa Artes do Espetáculo, João Pessoa, UFPB, v.9, n.1, jan/jun 2018, p. 43-54.

Downloads

Publicado

16-10-2019

Edição

Seção

Textos Completos