Habitando Luna Skyyssime - Uma Autoanálise da Performance de Gênero

Resumo

Eu sou mulher, mas quem é Luna? Uma entidade, uma identidade, que eu habito ou que me habita, uma co-vivência, acima de tudo, um debate sobre tudo isso. Luna tem sido meu corpo reagindo em função criativa a tudo que acontece ao meu redor, uma drag, mulher, belemense, lésbica, entre tantas outras coisas, Luna é a porta-bandeiras multifacetada do meu processo de existência. Esse artigo visa analisar a identidade de Luna Skyyssime a partir de uma investigação pessoal da minha própria trajetória de vida e as nuances que possibilitaram seu/meu desenvolvimento como artista. Para fundamentação teórica serão utilizados os largos estudos feministas e de performance de gênero de Judith Butler e Guacira Lopes, conversando com identidade e memória individual, é realizado um processo de individuação que dialoga com os estudos de Carl Jung e Mahler, e uma análise das convergências da arte drag com minha vida pessoal desde a infância, passando pelo momento que comecei a me montar e chegando até hoje, três anos depois, após muitos atravessamentos e uma nova mentalidade – em constante mutação – que alteraram minhas percepções sobre o meu próprio corpo, sobre estética, sobre feminilidade e sobre performance de gênero. Esse estudo busca analisar de que formas essa arte contribui diretamente com os estudos de gênero a partir de um estudo de caso, a partir de uma mulher que aprendeu a identificar a feminilidade no seu próprio corpo através do processo de montação drag.