O palhaço em sua transgressão

Autores

  • Marisa Ribeiro Soares Universidade Paul Valéry Montpellier, RIRRA 21 em co-tutela com UNICAMP, IA

Palavras-chave:

palhaço, transgressão, intercultural, processo criativo, residência artística.

Resumo

No baile de máscaras da nossa sociedade, onde cada escolhe sua fantasia, o palhaço poderia ser o mais apto a se permitir de revelar suas faces escondidas, de rir e de visitar todos os artifícios que o ser humano utiliza para dissimular o quotidiano. A tal ponto que o palhaço, na sua essência, se tornaria um meio de expressão que possibilita a ruptura do diálogo com a realidade, a normalidade e a ordem, pois sem esses limites não haveria nada para ultrapassar. Então, que seria esse ser? Ele teria um rosto? Quem possuiria essa força de transgressão?Ao longo do tempo, várias manifestações e facetas dessa figura podem ser observadas. Apesar dessa diversidade de abordagens e de espaços de apresentação, o palhaço permanece, aos olhares do público em geral, uma figura presa à imagem mais próxima do augusto, com o nariz vermelho, uma maquiagem extravagante, um figurino burlesco e grandes sapatos.Esta pesquisa propõe de ir além das manifestações clownescas dos nossos conhecimentos prévios e parte da hipótese de que as manifestações clownescas podem existir além do universo circense considerando o palhaço como provocador do riso e transgressor da ordem através do comportamento às avessas. Nesse recorte, interessa pesquisar de que maneira a incorporação desse comportamento como parte essencial da manifestação contribui para construir e reforçar a figura e a função do palhaço.Para isso, é feita uma análise da pertinência e da presença do comportamento ao contrário e da desconstrução da figura do palhaço no processo de criação de um espetáculo clownesco em residência artística internacional. A proposta é explorar exemplos dessas manifestações com os espetáculos “A2” e “Turning Point: os burrocratas”, criados de forma itinerante na Bélgica, em Portugal, na Itália e na França, pela Cia da Bobagem, grupo no qual a pesquisadora atua, através do acompanhamento de processos e temporadas.Os resultados são analisados a partir do cruzamento entre as pesquisas bibliográfica, documental e empírica com foco na hipótese levantada neste projeto. A hipótese será refutada ou comprovada com base no método cartográfico.Neste contexto, realizar um processo criativo nômade exige uma desconstrução de conceitos e repertórios para abranger o princípio da interculturalidade, onde a diversidade é valorizada e as interações são horizontais. Além disso, um estudo empírico e teórico sobre o funcionamento desse novo olhar sobre o palhaço é, de uma certa forma, começar uma viagem tanto física quanto mental cheia de expectativas e surpresas. Trata-se, então, de montar e preparar o itinerário e junto com ele elaborar cuidadosamente o projeto de pesquisa empírica e teórica arquitetando sua estrutura. No entanto, como a maior parte dos roteiros, a travessia está sujeita aos caprichos do percurso e não garante um destino previsto. É preciso, por vezes, se adaptar, desmontar e fazer mudanças constantes para poder contornar os obstáculos e encontrar novos caminhos.

Biografia do Autor

Marisa Ribeiro Soares, Universidade Paul Valéry Montpellier, RIRRA 21 em co-tutela com UNICAMP, IA

Palhaça, atriz e professora. Doutoranda no segundo ano na Université Paul-ValéryMontpellier em cotutela com a Unicamp em artes cênicas. Concluiu o mestrado na Université Paris 8 e Université Libre de Bruxelas em artes cênicas com a bolsa de estudos européia Erasmus Mundus/2010-2012. Graduação em Letras Formação Complementar em Artes Cênicas / 2008, pela UFMG. Além de formação técnica em atriz pela Fundação Clóvis Salgado/ Palácio das Artes, 2004 e participação no Oficinão do Galpão 2005.Formação permanente em clown pelo Centre National des Arts du Cirque (CNAC) em Châlons en Champagne /França. Realizou um estágio na Academie Fratellini/ França. Participação no curso internacional de Commedia dell'arte com Carlo Boso pela Académie Internationale des Arts du Spectacle (AIDAS) em Versailles/ França. 

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Publicado

17-06-2016

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